Rafael Motta
Do UOL, em Santos (SP)
09/08/201320h44
- Reprodução
Auxiliar de limpeza Ricardo Ferreira Gama, 30, ao ser preso pela polícia, dias antes de ser morto, em Santos (72 km de São Paulo)
O comando da PM (Polícia Militar) na Baixada Santista reabrirá investigação interna para apurar a possível participação de policiais no assassinato do auxiliar de limpeza Ricardo Ferreira Gama, 30, em Santos (72 km de São Paulo), há uma semana –dois dias após ser abordado por PMs que apuravam uma denúncia de tráfico de drogas no bairro Vila Mathias.
A medida foi anunciada depois que estudantes da unidade central da Unifesp (Universidade Federal Paulista) na cidade divulgaram um vídeo, em que Gama aparece com o rosto parcialmente ensanguentado dentro de um carro da PM, modelo Palio, de prefixo I-06301 e placas DJM-5731. Ele foi detido em 31 de julho, após discutir com policiais, e solto pouco depois.
À 1h30 do dia 2, quatro homens o mataram com oito tiros, diante de casa, a três quadras da universidade. A PM havia afastado a suspeita de que os policiais participantes da abordagem a Gama tivessem relação com o homicídio. O comando da corporação alegou que, no momento do assassinato, os agentes que interpelaram o auxiliar de limpeza “estavam em outros locais”.
Em entrevista concedida nesta sexta-feira (9) à TV “Tribuna”, o capitão Samuel Robes Loureiro disse que a apuração preliminar tinha sido baseada apenas em declarações desses policiais e em uma nota do DCE (Diretório Central dos Estudantes da Unifesp) que pôs a PM sob suspeita.
Na quarta (7), nota assinada por Loureiro apontava que “o Sr. Ricardo Gama possuía antecedentes criminais por envolver-se com o tráfico de entorpecentes, mas já havia cumprido a pena. (…) Não foi registrado qualquer tipo de queixa contra os policiais, pois o delegado de plantão não vislumbrou indícios de arbitrariedades ou de abuso de autoridade na abordagem ou na condução do suspeito para o DP [4º Distrito Policial, que investiga a morte]”.
Protesto
Na tarde desta sexta (9), cerca de 150 estudantes e funcionários da Unifesp fizeram passeata na qual cobraram a solução do crime cometido contra Ricardo Ferreira Gama, que trabalhava para uma empresa que prestava serviços à universidade. Os pais da vítima, Elvira Ferreira da Gama e José Gama dos Santos, caminharam com o grupo.
Os manifestantes seguraram cartazes com os dizeres “Quem matou Ricardo?” e caminharam da unidade central da Unifesp até a avenida Conselheiro Nébias, na Vila Mathias. Eles se deitaram nas duas pistas da via e interromperam o tráfego momentaneamente.
O DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), da Polícia Civil, investiga o homicídio. A assessoria de imprensa da Unifesp informou que “a direção do campus está em diálogo com a Corregedoria da Polícia Militar de Santos para discutir o caso”.