Fonte: https://ujssantos.wordpress.com/2013/08/16/transformar-o-luto-em-luta/
Nota da UJS sobre a agressão e morte de Ricardo Ferreira Gama
A União da Juventude Socialista de Santos declara o seu repúdio à violência e posterior assassinato sofridos pelo auxiliar de limpeza terceirizado do Campus Baixada Santista da Universidade Federal de São Paulo, Ricardo Ferreira Gama.
Esse caso se soma aos mais tantos outros onde o Estado, através da sua força de repressão, agride um membro da classe trabalhadora, demonstrando que essa instituição ainda traz práticas da triste época de terrorismo de Estado que vigorou no país entre 1964 e 1985.
No dia 31 de julho de 2013, Ricardo estava em seu horário de intervalo do trabalho, uniformizado e identificado, quando foi abordado por policiais militares com truculência e ao responder às agressões verbais foi levado ao quintal de uma casa que se encontrava vazia e brutalmente agredido fisicamente, colocado numa viatura policial, sendo liberado logo depois.
No dia seguinte, segundo o próprio Ricardo disse a alguns estudantes, de acordo com a nota do DCE Unifesp, policiais passaram em sua casa e disseram que, caso fosse denunciada a agressão que ele sofreu a situação seria resolvida “de outro jeito”.
No dia 02 de agosto de 2013, Ricardo foi executado na frente da sua casa com 8 tiros por pessoas encapuzadas em circunstâncias que ainda não foram devidamente esclarecidas.
Todos os dias, são Ricardos, Amarildos, MC’s, jovens e trabalhadores, que têm suas vidas ceifadas sem devido esclarecimento. São mães, famílias, amigos que não tem paz, pois não veem justiça na morte de seus entes.
Nosso país conta com polícias que atuam numa lógica militar, ou seja, numa perspectiva de combate ao inimigo, e que ao atuar na sociedade fazem dela o seu alvo de combate, executando uma política higienista, principalmente com a juventude. Para as Polícias Militares, a juventude – principalmente a pobre, negra e periférica, ainda é culpada até que se prove o contrário.
Lutamos pela desmilitarização das polícias, pois dentro de um Estado democrático de direito é inviável a existência de uma força policial militarizada. Exigimos uma polícia que proteja a juventude e a classe trabalhadora, e não viole seus direitos, como tem sido sua prática.
Expressamos nosso pesar pela perda de mais um jovem trabalhador, nos solidarizamos à perda da família de Ricardo e estamos na luta, pela resposta que a comunidade acadêmica da Unifesp e toda a sociedade quer saber: QUEM MATOU RICARDO?
Santos, 11 de agosto de 2013.