PM reabre apuração interna sobre morte de auxilar de limpeza da Unifesp, em Santos (SP)

Rafael Motta
Do UOL, em Santos (SP)

09/08/201320h44

  • Reprodução

    Auxiliar de limpeza Ricardo Ferreira Gama, 30, ao ser preso pela polícia, dias antes de ser morto, em Santos (72 km de São Paulo) Auxiliar de limpeza Ricardo Ferreira Gama, 30, ao ser preso pela polícia, dias antes de ser morto, em Santos (72 km de São Paulo)

O comando da PM (Polícia Militar) na Baixada Santista reabrirá investigação interna para apurar a possível participação de policiais no assassinato do auxiliar de limpeza Ricardo Ferreira Gama, 30, em Santos (72 km de São Paulo), há uma semana –dois dias após ser abordado por PMs que apuravam uma denúncia de tráfico de drogas no bairro Vila Mathias.

A medida foi anunciada depois que estudantes da unidade central da Unifesp (Universidade Federal Paulista) na cidade divulgaram um vídeo, em que Gama aparece com o rosto parcialmente ensanguentado dentro de um carro da PM, modelo Palio, de prefixo I-06301 e placas DJM-5731. Ele foi detido em 31 de julho, após discutir com policiais, e solto pouco depois.

À 1h30 do dia 2, quatro homens o mataram com oito tiros, diante de casa, a três quadras da universidade. A PM havia afastado a suspeita de que os policiais participantes da abordagem a Gama tivessem relação com o homicídio. O comando da corporação alegou que, no momento do assassinato, os agentes que interpelaram o auxiliar de limpeza “estavam em outros locais”.

Em entrevista concedida nesta sexta-feira (9) à TV “Tribuna”,  o capitão Samuel Robes Loureiro disse que a apuração preliminar tinha sido baseada apenas em declarações desses policiais e em uma nota do DCE (Diretório Central dos Estudantes da Unifesp) que pôs a PM sob suspeita.

Na quarta (7), nota assinada por Loureiro apontava que “o Sr. Ricardo Gama possuía antecedentes criminais por envolver-se com o tráfico de entorpecentes, mas já havia cumprido a pena. (…) Não foi registrado qualquer tipo de queixa contra os policiais, pois o delegado de plantão não vislumbrou indícios de arbitrariedades ou de abuso de autoridade na abordagem ou na condução do suspeito para o DP [4º Distrito Policial, que investiga a morte]”.

Protesto

Na tarde desta sexta (9), cerca de 150 estudantes e funcionários da Unifesp fizeram passeata na qual cobraram a solução do crime cometido contra Ricardo Ferreira Gama, que trabalhava para uma empresa que prestava serviços à universidade. Os pais da vítima, Elvira Ferreira da Gama e José Gama dos Santos, caminharam com o grupo.

Os manifestantes seguraram cartazes com os dizeres “Quem matou Ricardo?” e caminharam da unidade central da Unifesp até a avenida Conselheiro Nébias, na Vila Mathias. Eles se deitaram nas duas pistas da via e interromperam o tráfego momentaneamente.

O DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), da Polícia Civil, investiga o homicídio. A assessoria de imprensa da Unifesp informou que “a direção do campus está em diálogo com a Corregedoria da Polícia Militar de Santos para discutir o caso”.

Marcha Nacional Contra o Genocídio do Povo Negro ocorrerá dia 22

Fonte: Jornal GGN (http://www.jornalggn.com.br/blog/marcha-nacional-contra-o-genocidio-do-povo-negro-ocorrera-dia-22)

qua, 07/08/2013 – 13:13 – Atualizado em 08/08/2013 – 11:07

Jornal GGN – Entidades como Círculo Palmarino, Uneafro, Kilombagem e MNU (Movimento Negro Unificado) estão convocando para a Marcha Nacional contra o Genocídio do Povo Negro para o próximo dia 22, às 18h. Em nota publicada na convocação feita pelo Facebook, os organizadores do protesto afirmam que também lutarão contra o “racismo institucionalizado nas áreas da saúde – como a morte materna, responsável pelo falecimento de seis vezes mais negras do que de brancas durante o parto -, na falta de educação e investimento para o cumprimento da Lei da História da África nas escolas (lei 10.639)”, porque “a ausência de uma memória da história é também uma forma de matar”.

Assim como em todo o Brasil, a marcha paulista apoiará a corrente de protestos sobre o paradeiro do carioca Amarildo Dias de Souza, desaparecido há três semanas após ter sido detido para averiguação na Rocinha, zona sul do Rio, por policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora).
A concentração da manifestação será no Teatro Municipal, na praça Ramos de Azevedo, s/nº, no centro de São Paulo. Até esta quarta-feira, o ato também está previsto para ocorrer em Salvador (BA), só que às 15h. Na capital baiana, a concentração será feita no Largo dos Aflitos.
Quem matou Ricardo?
Outra reivindicação que será abordada no protesto de São Paulo é a morte de um funcionário terceirizado da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), de Santos (SP), em circunstâncias misteriosas. O protesto está sendo chamado de “Quem matou Ricardo?”.
De acordo com nota divulgada pelo DCE (Diretório Central dos Estudantes), Ricardo Ferreira Gama foi morto em frente a sua casa, no dia 2. Segundo o diretório, a vítima foi morta com oito tiros por quatro homens encapuzados em frente à sua casa. Dias antes, Ricardo teria sido ofendido e agredido por policiais em frente à Unidade Central da universidade, na rua Silva Jardim.
Na nota, o DCE afirma que ”chegando na Unifesp, os estudantes foram procurados pelo Ricardo, que disse ter sido procurado em sua casa pelos policiais dizendo que se estudantes não parassem de ir à delegacia, eles resolveriam de outro jeito”.
Na quinta-feira (1) à noite, viaturas com homens não fardados de cabeça para fora rondavam a universidade. “Pessoas também chegaram a ir pessoalmente à Unifesp pedir a funcionários vídeos que estudantes teriam feito da agressão, e disseram que se ele não entregasse, ‘seria pior’”.

Vídeo feito por estudantes mostra Ricardo ferido em camburão

Fonte: Jornal GGN (http://www.jornalggn.com.br/blog/video-feito-por-estudantes-mostra-ricardo-ferido-em-camburao)

sex, 09/08/2013 – 12:28 – Atualizado em 09/08/2013 – 13:52

Jornal GGN – Um vídeo feito por estudantes da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), do campus da Baixada Santista, mostra o momento em que o auxiliar de serviços gerais Ricardo Ferreira Gama é colocado em um camburão da Polícia Militar (veja vídeo abaixo). Divulgado nesta sexta-feira (9), o material filmado no dia 31 de julho mostra o funcionário com o rosto ensanguentado após ser agredido por oficiais da PM.

Empregado terceirizado, Ricardo foi morto em circunstâncias suspeitas no dia 2. Segundo o DCE (Diretório Central dos Estudantes) da universidade, a vítima foi morta com oito tiros por quatro homens encapuzados em frente à sua casa, em Santos. Já no boletim de ocorrência, feito pelo 4º DP (Distrito Policial) da cidade, consta que a polícia “não conseguiu precisar por quantos tiros o auxiliar foi atingido”.
De acordo com nota emitida pelo DCE, Ricardo tinha sido intimidado pelos policiais a não registrar queixa. Na quinta-feira (1) à noite, um dia antes do assassinato, viaturas com homens à paisana, de cabeça para fora, rondavam a universidade. “Pessoas também chegaram a ir pessoalmente à Unifesp pedir a funcionários vídeos que estudantes teriam feito da agressão, e disseram que se ele não entregasse, ‘seria pior’”.
A SSP (Secretaria de Segurança Pública) informou que o delegado responsável pela investigação, Rubens Nunes Paes, já instaurou um inquérito para o crime registrado como “homicídio simples consumado”.
Segundo o órgão, o presidente do DCE, amigos e parentes serão chamados para prestar depoimento. A polícia já solicitou as imagens di circuito de segurança da faculdade para análise.

Quem matou Ricardo?

O DCE da Unifesp iniciou a campanha “Quem Matou Ricardo?” para pressionar o Estado, neste caso representado pela Polícia Civil, a apurar as circunstâncias que levaram à morte do funcionário da faculdade. Nesta sexta, um ato está marcado no campus da Baixada, que fica na rua Silva Jardim, 136, na Vila Mathias, em Santos. A concentração é às 16h e a saída está prevista para as 17h.

Em São Paulo, os organizadores da Marcha Nacional Contra o Genocídio do Povo Negro,marcada para o dia 22, também resolveram apoiar a campanha.

Quem Matou Ricardo? | Marcus Vinicius Batista

Fonte: Boqnews (http://www.boqnews.com/coluna.php?cod=17613)

Marcus Vinicius Batista

O medo e a indignação uniram estudantes e professores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Muitos vestidos de preto, eles saíram em passeata na última sexta-feira, em protesto contra a morte de Ricardo Ferreira Gama, de 30 anos.

Ricardo foi executado com oito tiros na madrugada de 2 de agosto, na porta de casa, na rua Silva Jardim, na Vila Mathias, em Santos. Os assassinos eram, segundo testemunhas, quatro homens, em duas motos. Ele trabalhava como auxiliar de limpeza na Unifesp, que fica na mesma rua.

Ricardo foi abordado por policiais militares quando acompanhava um protesto de estudantes em frente ao campus, dois dias antes da execução. Muitos alunos faziam imagens dos PMs. Segundo os estudantes, um deles xingou Ricardo, que devolveu a ofensa e, por conta disso, passou a ser agredido pelos policiais.

O problema é que os estudantes registraram a agressão com seus celulares. Como Ricardo acabou na viatura, muitos universitários resolveram segui-lo, inclusive por medo da repetição do caso Amarildo, pedreiro que foi detido por PMs no Rio de Janeiro e desapareceu, em 14 de julho.

Os universitários peregrinaram por dois distritos policiais até encontrarem os PMs na Santa Casa de Santos. Ricardo teria sido liberado por negar a agressão. Em 1º de agosto, Ricardo pediu que os estudantes saíssem da história porque havia sido ameaçado em casa.

O abuso de poder teria outros desdobramentos. Sem identificação, pessoas entraram na universidade para pedir as imagens do dia 31 de julho. E novas ameaças foram feitas contra universitários.

Depois da morte de Ricardo, muitos universitários estão apavorados. Um deles, cujo nome não pode ser revelado por razões óbvias, passou a dormir na casa de uma professora. Ele foi ameaçado de morte. Outros estudantes evitam se identificar em entrevistas ou nas redes sociais pelo mesmo motivo. Temem ser perseguidos quando estiverem sozinhos.

A Polícia Civil não viu ou ouviu nada. Em entrevista ao repórter Bruno Lima, de A Tribuna, o delegado-titular do 4º DP, Rubens Nunes Paes, disse que “desconhece as agressões físicas e as ameaças feitas pelos PMs”. A morte de Ricardo vai engrossar a estatística de casos não resolvidos? De cada dez assassinatos no Estado de São Paulo, nove não tem solução.

Já a Polícia Militar se apoia na velha tática de desqualificar a vítima. Para a PM, Ricardo estaria envolvido em tráfico de drogas. A resposta oficial toma como base o relato de policiais, que teriam atendido denúncia de tráfico na rua Silva Jardim, perto da casa da vítima. Como se não houvesse várias bocas de fumo no bairro, um dos mais pobres da cidade. Além disso, o comando da PM abriu investigação preliminar, já concluída por falta de provas contra os policiais que abordaram Ricardo.

Até quando a Polícia Militar vai resolver com velocidade espantosa as suspeitas que envolvem seus membros? A corporação vai aceitar as acusações de que existem, entre seus membros, bandidos de farda, sujeitos que mancham a roupa que vestem?

Ricardo possuía quatro passagens pela polícia, duas por tráfico e duas por receptação. Vizinhos e colegas da universidade dizem que o auxiliar de limpeza tinha mudado de comportamento. Isso teria incomodado, inclusive, policiais corruptos que recebiam presentes.

Pela lógica da execução, o passado assegurava o direito à aplicação de sentença de morte. Até quando a PM vai conviver, como se não fosse com ela, com as denúncias de atos de grupos de extermínio, que julgam, condenam e executam em seus tribunais da informalidade? Ou a ordem é aceitar, como lei do cão, que toda sociedade seja obrigada a ter seus Amarildos e Ricardos?

Obs.: Abaixo, um dos vídeos que mostram a abordagem dos policiais militares

http://vimeo.com/72021637

Universitários pedem Justiça após assassinato de funcionário da Unifesp

Fonte: Jornal da Ciência (http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=88632)

Auxiliar de limpeza foi morto no último dia 2 de agosto com oito tiros. Jovens suspeitam de participação de policiais, mas PM revela outra versão 

Estudantes universitários do campus da Unifesp, em Santos, no litoral de São Paulo, pedem uma explicação para a morte de um auxiliar de limpeza que trabalhava na universidade. Ricardo Ferreira Gama foi assassinado no dia 2 de agosto e os estudantes suspeitam que o crime tenha o envolvimento de policiais militares. Já a Polícia Militar apresenta outra versão do caso.

Na página do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de São Paulo na internet, os estudantes pedem uma providência quanto a morte do auxiliar de limpeza. Eles publicaram uma nota nesta quarta-feira (7) explicando o caso. Segundo eles, Ricardo Ferreira Gama, funcionário terceirizado da Unifesp Baixada Santista, foi agredido pela polícia na frente da Unidade Central, na Rua Silva Jardim, após responder a uma ofensa feita a ele.

Alguns estudantes defenderam Ricardo e foram ao 1º Distrito Policial, aonde os policias afirmaram que levariam o funcionário. No local, disseram aos jovens que Ricardo tinha sido levado para o 4º Distrito Policial e, no 4º DP, que ele estaria na Santa Casa. No hospital, os próprios policias que cometeram a agressão disseram que o rapaz tinha sido liberado e que estava tudo resolvido. Ainda de acordo com os universitários, um dos estudantes quis fazer um boletim de ocorrência e, a partir disso, começou a ser intimidado pelos policiais. Na nota, os estudantes dizem que encontraram o auxiliar de limpeza e ele disse ter sido procurado em sua casa pelos policiais dizendo que se os estudantes não parassem de ir à delegacia, eles “resolveriam de outro jeito”.

Segundo os estudantes, na noite desta quinta-feira (7) viaturas com homens não fardados rondaram a Unifesp. Ainda de acordo com os estudantes, algumas pessoas foram na universidade e pediram vídeos que os estudantes teriam feito durante a agressão ao funcionário, que foi morto na madrugada de sexta-feira (2) por quatro homens encapuzados.

Os estudantes também disseram na nota que “a policia não garante a segurança da maioria da população, pelo contrário, sendo um dos braços do Estado ela institucionaliza o controle social e exerce a repressão contra os trabalhadores, principalmente os negros e pobres”. O Diretório Central dos Estudantes ainda disse que “não se calará e se manterá em luta, junto da comunidade acadêmica e da classe trabalhadora contra a truculência e a violência policial contra a população pobre e trabalhadora”.

Os estudantes também divulgaram o problema nas redes sociais. Eles postaram um banner contando a história. No cartaz está escrito “Quem matou Ricardo? – Nós não nos calaremos até que seja respondida a pergunta: Quem matou Ricardo? E até que o Estado seja responsabilidade pelos seus crimes”. Os estudantes programam uma manifestação nesta sexta-feira, na porta da Unifesp.

Já a Polícia Militar conta outra versão dos fatos. Em nota enviada aoG1, a PM disse que por volta das 14h20, uma guarnição de radiopatrulha foi averiguar uma denúncia de tráfico de entorpecentes na frente da universidade. Os policiais abordaram Ricardo Ferreira Gama, que inicialmente negou-se a identificar-se para os policiais, que fizeram uma pesquisa e constatou-se que ele tinha passagens por tráfico de entorpecentes. Os policiais anunciaram que iriam conduzí-lo 4º DP. O suspeito debateu-se até a chegada do chefe no serviço de limpeza, foi detido e foi levado ao PS. Segundo a PM, ele não foi algemado e sempre esteve acompanhado do chefe. No Distrito foi constatado que Ricardo Gama possuía antecedentes criminais, mas já havia cumprido a pena. Ele foi liberado no DP e não foi registrado qualquer tipo de queixa contra os policiais.

Segundo a nota da PM, Ricardo foi morto na porta de sua residência. Equipes especializadas do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa de São Paulo estão investigado o caso. Ainda segundo a PM, foi instaurada uma investigação preliminar por parte do Comando do 6º Batalhão de Polícia Militar do Interior para verificar a possibilidade de envolvimento de Policiais Militares no caso. A investigação já foi encerrada, porque os registros do GPS das viaturas da PM comprovaram que os policiais que participaram da abordagem na quarta-feira (31) estavam em outros locais no momento do homicídio.

A reitoria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) se manifestou publicamente, por meio de uma nota, o seu pesar pelo assassinato do colaborador e também o seu repúdio à violência que se abateu sobre Ricardo, que atinge direta e indiretamente toda a comunidade acadêmica. Na última sexta-feira (2), a direção do campus convocou uma reunião para informar a comunidade sobre o ocorrido e discutir encaminhamentos. Em reunião foi decidido que a universidade dará auxílio a família de Ricardo, irá discutir a questão da segurança com as autoridades políticas e representantes da segurança pública da cidade de Santos e se coloca à disposição das autoridades para colaborar com as investigações da Polícia Civil. Além disso, a direção do campus está em diálogo com a Corregedoria da Polícia Militar de Santos para discutir o caso, os problemas de segurança pública da região e a situação de violência e violação de direitos humanos, vividas pelos estudantes e moradores do município.

Mesmo com o encerramento da apuração por parte da PM, a Polícia Civil continua a investigar o homicídio. A Polícia Civil tem duas linhas de investigação. O auxiliar de limpeza foi morto por causa dessa confusão com os policiais militares ou por causa do histórico dele de envolvimento com o tráfico de drogas. Novos dados sobre o caso podem ser encaminhados pelo telefone 181, do Disque Denúncia da Secretaria de Segurança Pública.

(Portal G1)

‘Não adianta trocar seis por meio dúzia’, diz Mães de Maio sobre mudança na PM

Fonte: Rede Brasil Atual (http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2013/08/novo-comandante-da-tropa-de-choque-de-sp-nao-agrada-movimento-contra-a-violencia-estatal-6775.html)

Indicação de novo comandante da Tropa de Choque da PM não agrada movimento que luta contra violência policial. Fim da militarização é apontada como solução

por Gisele Brito, da RBA publicado 09/08/2013 19:49, última modificação 09/08/2013

 

EDUARDO KNAPP/FOLHAPRESS
morelli_Eduardo Knapp_Folhapress.jpgDepois de atuação contestada nos protestos de junho, a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) substitui Coronel Morelli (foto)

São Paulo – A entrada do coronel Carlos Celso Savioli no Comando da Tropa de Choque da Polícia Militar de São Paulo hoje (9) não trouxe alívio para o Movimento Mães de Maio, que luta contra a violência do estado. Para a coordenadora do movimento, Débora Maria Silva, a saída do coronel César Augusto Luciano Franco Morelli, que foi transferido para a Assessoria Policial Militar da Prefeitura Municipal de São Paulo, não muda o modus operandi, que ela atribui ao ranço ditatorial da Polícia Militar. “Não adianta trocar seis por meio dúzia. Quando eles não vão de farda mesmo fazer as atrocidades, montam os grupos e saem para matar. O Comando não consegue mais controlar a violência policial”, afirma.

Para Débora, é preciso mudar a mentalidade da polícia, promovendo a desmilitarização e criando um senso de cidadania e direitos humanos. “Temos que acabar com a ditadura para os pobres, pretos e periféricos. Porque a ditadura só acabou para a burguesia”, analisa.

Savioli assumiu o comando da PM da Baixada Santista, no litoral sul de São Paulo, no início deste ano. A região, formada por 24 municípios, convive com diversos problemas de segurança. Nos últimos três anos, 681 pessoas foram vítimas de homicídios dolosos. Alguns deles, segundo o movimento Mães de Maio, teriam sido provocados pela atuação de grupos de extermínio formados por policiais militares responsáveis por pelo menos três grandes ondas de violência e assassinatos isolados, desde 2006. Apesar de o número de homicídios ter caído 11% no primeiro semestre na região, Débora afirma que a violência policial ainda é grave.

Medo

Um dos exemplos disso seria o caso do funcionário terceirizado da Universidade Federal de São Paulo da Baixada Santista, Ricardo Ferreira Gama. No último dia 31, ele foi agredido por policiais durante uma abordagem policiais em seu horário de almoço no centro de Santos. A agressão foi presenciada por dezenas de pessoas que chegaram a filmá-lo sendo levado sangrando de camburão para o hospital. Alunos da Unifesp e outras testemunhas afirmam em textos publicados na internet que policiais coagiram Ricardo e pessoas que viram as agressões a não registrarem boletim de ocorrência, o que de fato não foi feito, em função do medo.

Mesmo assim, na noite do último dia 2, Ricardo foi alvejado por oito tiros disparados por quatro homens encapuzados e morreu. A Unifesp, entidades estudantis, sindicatos e movimentos sociais expressaram repúdio à violência policial e exigiram investigações aprofundadas. Uma manifestação intitulada “Quem Matou Ricardo?” com concentração na Campus Central da Unifesp deve ocorrer na noite de hoje (9), em Santos.

“Não estamos satisfeitos. Para a gente acabar com essa violência precisa desmilitarizar”, afirma. “A troca é corriqueira do cotidiano deles. Ocorre mais porque a violência foi muito escancarada nas manifestações”, afirma Débora.

 

Alunos da Unifesp vão às ruas contra assassinato de auxiliar de limpeza

Fonte: A Tribuna Online (http://www.atribuna.com.br/noticias.asp?idnoticia=199599&idDepartamento=5&idCategoria=0)

Cerca de 150 estudantes e funcionários da  Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) do Campus da Baixada Santista percorreram as ruas da Vila Matias, em Santos, no final da tarde desta sexta-feira, em protesto à morte do auxiliar de limpeza da instituição, Ricardo Ferreira Gama, 30 anos. O grupo acusa soldados da Polícia Militar de o violentar em frente à unidade central da faculdade, na Rua Silva Jardim, no último dia 2.

Com cartazes nas mãos que indavagam “Quem matou Ricardo?”, os manifestantes deitaram, por alguns minutos, na Rua Luiza Macuco, próximo à esquina da Avenida Conselheiro Nébias. As duas vias foram bloqueadas por agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de Santos. Diferentemente de outros protestos, este não foi acompanhado por policiais militares.

Não houve conflito ou qualquer princípio de confusão. As críticas foram feitas em direção à Polícia Militar, que nega qualquer abuso de autoridade ou, até mesmo, o homício do auxiliar de limpeza. Além disso, alguns manifestantes declamaram poesias, no meio da rua, que gritaram palavras em repúdio aos policiais e ao comando na Baixada Santista.

No início da noite, os universitários divulgaram um vídeo com as últimas imagens do auxiliar de limpeza antes do assassinato misterioso. Veja abaixo.

Entenda o caso

A execução do auxiliar de limpeza da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Ricardo Ferreira Gama ocorreu na madrugada da última sexta-feira. Ele foi assassinado com oito tiros e o caso mobilizou estudantes da instituição em que a vítima trabalhava. Após o crime, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da universidade divulgou em sua página no Facebook uma nota pública apontando ocorrências envolvendo Ricardo e policiais militares dias antes do homicídio.

Segundo o DCE, o assassinato de Ricardo “acontece num contexto em que o País ainda se pergunta ‘Onde está Amarildo? (desaparecido misteriosamente no Rio de Janeiro desde 14 de julho após ser visto pela última vez com 15 PMs)’ e em que a Baixada Santista enfrenta grupos de extermínio que matam jovens com um único critério: a vítima é pobre, negra e periférica”.

Durante ação da PM em um protesto dos estudantes, em frente ao campus Vila Mathias da Unifesp, na Rua Silva Jardim, Ricardo e alunos, portando celulares com câmeras, registraram todos os passos dos policiais.

Nesse momento, incomodado com a filmagem, um dos soldados teria proferido ofensas verbais a Ricardo, que não teria gostado e respondido prontamente. A reação do auxiliar de limpeza causara revolta nos PMs, que, segundo o comunicado do DCE, passaram a agredi-lo fisicamente.

“Alguns estudantes agiram verbalmente em defesa de Ricardo e foram ao 1º DP, para onde os policiais afirmaram que levariam o funcionário. Chegando lá, os alunos foram informados que o auxiliar de limpeza fora levado ao 4º DP. E no 4º DP, que eles estariam todos no Hospital Santa Casa”, diz o comunicado do DCE.
Créditos: Fernanda Luz

Funcionários e estudantes da Unifesp acusam a PM de violentar e matar o auxiliar de limpeza


Liberado pela PM

Na unidade hospitalar, os estudantes encontraram os policiais. Eles informaram que Ricardo havia sido liberado sem o registro de boletim de ocorrência, pois o auxiliar de limpeza teria admitido não ter sido vítima de nenhuma agressão.

Posteriormente, já no campus da universidade, conforme a nota pública do DCE, Ricardo tratou de procurar os alunos para pedir que mais ninguém comparecesse à delegacia, pois os mesmos policiais teriam ido até sua casa dar o recado. “Do contrário, eles resolveriam a situação de outro jeito”.

Na noite do dia seguinte, integrantes do DCE afirmam que carros passaram a rondar o campus da Unifesp. Os ocupantes mantinham a cabeça do lado de fora da janela, como se procurassem alguém. “Pessoas também chegaram a entrar na universidade para pedir ao funcionário vídeos da agressão gravados pelos estudantes. Caso essas filmagens não fossem entregues, ‘tudo seria pior’”, ameaçaram os policiais, diz o DCE.

Oito tiros

E na madrugada do dia 2 tudo ficou pior. Quatro homens, em duas motos, assassinaram Ricardo na porta de sua casa, na Rua Silva Jardim, com oito tiros. “O Diretório Central dos Estudantes não se calará e se manterá em luta, junto da comunidade acadêmica e da classe trabalhadora contra a truculência e a violência policial contra a população pobre e trabalhadora. Queremos saber quem matou Ricardo”, garante o comunicado público no Facebook.

Polícia Militar nega ação

Procurada, a Polícia Militar apresentou uma versão contrária da divulgada pelo DCE. De acordo com a assessoria de imprensa da PM, a morte de Ricardo está supostamente associada ao tráfico de drogas do bairro. A crença da PM nisso está no fato de que, no dia 31 de julho, uma guarnição de radiopatrulha foi chamada para averiguar uma denúncia de tráfico na Rua Silva Jardim, próximo à universidade em que o auxiliar de limpeza trabalhava.

Ao chegarem no local, abordaram Ricardo. Segundo a PM, ele teria inicialmente recusado se identificar para os policiais. Diante de novos pedidos, o auxiliar de limpeza concordou em revelar a sua identidade. Em seguida, teve os antecedentes criminais levantados. Por conta do histórico, a PM teria decidido conduzir Ricardo ao 4ºDP. Entretanto, “o suspeito debateu-se até a chegada do responsável pelo serviço de limpeza da Unifesp, que conseguiu acalmá-lo”, alega a PM por meio de nota.

“Em seguida, o auxiliar de limpeza foi detido e conduzido primeiramente ao pronto-socorro, sem que o mesmo tivesse sido algemado”, relata a PM. Mais tarde, já no 4º DP, confirmado o histórico criminal de Ricardo, a polícia resolveu liberá-lo, pois nenhum crime na ocasião havia se configurado.

“Não houve também registro de boletim de ocorrência contra os policiais, pois o delegado de plantão não vislumbrou indícios de arbitrariedades ou de abuso de autoridade na abordagem ou na condução do suspeito para o distrito”, argumenta a PM, contrariando as acusações dos estudantes.

Apuração interna

Misteriosamente, no dia seguinte, Ricardo foi morto na porta de sua residência. Por cautela, a PM instaurou uma investigação preliminar, da parte do Comando do 6º Batalhão de Polícia Militar do Interior, para verificar a possibilidade de envolvimento de PMs no caso. A investigação já foi encerrada sem nada provar contra os policiais que conduziram Ricardo ao DP.

*Com informações de Bruno Lima e Sandro Thadeu

Nota de Repúdio da APEOESP

A Reunião de Representantes da APEOESP Taboão da Serra e região, no dia 09 de julho, vem a público repudiar os atos de violência perpetrados por policiais militares, que no dia 31/07/2013, quarta-feira, por volta das 13 horas, agrediram moral e fisicamente o funcionário Ricardo Ferreira Gama com truculência, que se encontrava ao lado do prédio da Unifesp, na rua Silva jardim – Santos, sendo que o mesmo foi colocado à força na viatura, ainda com o crachá de identificação funcional e o uniforme da empresa.

Um grupo grande de estudantes tentou intervir em defesa do funcionário, tendo sido ameaçados e coagidos pelos policiais.

Dois estudantes se dirigiram à Delegacia para apresentar BO por abuso de autoridade, e após se identificarem foram ameaçados sob a alegação de que o agredido não apresentou queixa.

Na madrugada do dia 02 de agosto o funcionário foi assassinado nas proximidades do seu local de trabalho no trajeto para sua residência, gerando um clima de medo e insegurança na comunidade.

Nós, professores da Subsede da APEOESP de Taboão da Serra e região, manifestamos nossa indignação e repúdio contra estes atos de violência. Repudiamos também a perseguição aos alunos que se seguiu e que ainda permanece.

Diante do exposto, exigimos um posicionamento público da direção da universidade e demais órgãos competentes a respeito dos fatos e que sejam tomadas medidas para impedir que isto volte a acontecer.

Reivindicamos providências também para que se faça justiça e se garanta a integridade das pessoas ameaçadas e perseguidas. 

Nota de repúdio sobre a morte de Ricardo, trabalhador terceirizado da Unifesp | União da Juventude Comunista

Fonte: UJC – União da Juventude Comunista (http://ujcsaopaulo.blogspot.com.br/2013/08/nota-de-repudio-sobre-morte-de-ricardo.html)

A UJC repudia a agressão e assassinato pela Polícia Militar, em Santos, do auxiliar de limpeza terceirizado Ricardo Ferreira Gama. Inicialmente o trabalhador foi agredido em frente a seu local de trabalho, a unidade Silva Jardim do campus Baixada Santista da Unifesp, no dia 31 de julho, e assassinado dois dias depois, na madrugada do dia 1 para 2 de agosto.

Nos somaremos aos esforços para denunciar e dar publicidade aos acontecimentos, bem como para exigir que o Governo do Estado assuma sua responsabilidade, puna todos os responsáveis pelo crime e garanta a segurança da família de Ricardo e dos estudantes que vêm sofrendo ameaças por terem presenciado as agressões e se predisposto a ajudar a vítima.

Exigimos a desmilitarização da polícia em todo o país, bem como a criação de mecanismos que permitam seu controle e fiscalização públicos, como alternativa ao seu caráter racista e contrário aos trabalhadores e movimentos sociais, subordinado a um Estado que serve unicamente à proteção da propriedade privada e da burguesia.

Abaixo reproduzimos a nota do DCE Unifesp, escrita pelos companheiros da Baixada Santista, mostrando a ordem dos acontecimentos e denunciando-os.

União da Juventude Comunista (Coordenação Estadual-SP)