Vídeo feito por estudantes mostra Ricardo ferido em camburão

Fonte: Jornal GGN (http://www.jornalggn.com.br/blog/video-feito-por-estudantes-mostra-ricardo-ferido-em-camburao)

sex, 09/08/2013 – 12:28 – Atualizado em 09/08/2013 – 13:52

Jornal GGN – Um vídeo feito por estudantes da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), do campus da Baixada Santista, mostra o momento em que o auxiliar de serviços gerais Ricardo Ferreira Gama é colocado em um camburão da Polícia Militar (veja vídeo abaixo). Divulgado nesta sexta-feira (9), o material filmado no dia 31 de julho mostra o funcionário com o rosto ensanguentado após ser agredido por oficiais da PM.

Empregado terceirizado, Ricardo foi morto em circunstâncias suspeitas no dia 2. Segundo o DCE (Diretório Central dos Estudantes) da universidade, a vítima foi morta com oito tiros por quatro homens encapuzados em frente à sua casa, em Santos. Já no boletim de ocorrência, feito pelo 4º DP (Distrito Policial) da cidade, consta que a polícia “não conseguiu precisar por quantos tiros o auxiliar foi atingido”.
De acordo com nota emitida pelo DCE, Ricardo tinha sido intimidado pelos policiais a não registrar queixa. Na quinta-feira (1) à noite, um dia antes do assassinato, viaturas com homens à paisana, de cabeça para fora, rondavam a universidade. “Pessoas também chegaram a ir pessoalmente à Unifesp pedir a funcionários vídeos que estudantes teriam feito da agressão, e disseram que se ele não entregasse, ‘seria pior’”.
A SSP (Secretaria de Segurança Pública) informou que o delegado responsável pela investigação, Rubens Nunes Paes, já instaurou um inquérito para o crime registrado como “homicídio simples consumado”.
Segundo o órgão, o presidente do DCE, amigos e parentes serão chamados para prestar depoimento. A polícia já solicitou as imagens di circuito de segurança da faculdade para análise.

Quem matou Ricardo?

O DCE da Unifesp iniciou a campanha “Quem Matou Ricardo?” para pressionar o Estado, neste caso representado pela Polícia Civil, a apurar as circunstâncias que levaram à morte do funcionário da faculdade. Nesta sexta, um ato está marcado no campus da Baixada, que fica na rua Silva Jardim, 136, na Vila Mathias, em Santos. A concentração é às 16h e a saída está prevista para as 17h.

Em São Paulo, os organizadores da Marcha Nacional Contra o Genocídio do Povo Negro,marcada para o dia 22, também resolveram apoiar a campanha.

Universitários pedem Justiça após assassinato de funcionário da Unifesp

Fonte: Jornal da Ciência (http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=88632)

Auxiliar de limpeza foi morto no último dia 2 de agosto com oito tiros. Jovens suspeitam de participação de policiais, mas PM revela outra versão 

Estudantes universitários do campus da Unifesp, em Santos, no litoral de São Paulo, pedem uma explicação para a morte de um auxiliar de limpeza que trabalhava na universidade. Ricardo Ferreira Gama foi assassinado no dia 2 de agosto e os estudantes suspeitam que o crime tenha o envolvimento de policiais militares. Já a Polícia Militar apresenta outra versão do caso.

Na página do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de São Paulo na internet, os estudantes pedem uma providência quanto a morte do auxiliar de limpeza. Eles publicaram uma nota nesta quarta-feira (7) explicando o caso. Segundo eles, Ricardo Ferreira Gama, funcionário terceirizado da Unifesp Baixada Santista, foi agredido pela polícia na frente da Unidade Central, na Rua Silva Jardim, após responder a uma ofensa feita a ele.

Alguns estudantes defenderam Ricardo e foram ao 1º Distrito Policial, aonde os policias afirmaram que levariam o funcionário. No local, disseram aos jovens que Ricardo tinha sido levado para o 4º Distrito Policial e, no 4º DP, que ele estaria na Santa Casa. No hospital, os próprios policias que cometeram a agressão disseram que o rapaz tinha sido liberado e que estava tudo resolvido. Ainda de acordo com os universitários, um dos estudantes quis fazer um boletim de ocorrência e, a partir disso, começou a ser intimidado pelos policiais. Na nota, os estudantes dizem que encontraram o auxiliar de limpeza e ele disse ter sido procurado em sua casa pelos policiais dizendo que se os estudantes não parassem de ir à delegacia, eles “resolveriam de outro jeito”.

Segundo os estudantes, na noite desta quinta-feira (7) viaturas com homens não fardados rondaram a Unifesp. Ainda de acordo com os estudantes, algumas pessoas foram na universidade e pediram vídeos que os estudantes teriam feito durante a agressão ao funcionário, que foi morto na madrugada de sexta-feira (2) por quatro homens encapuzados.

Os estudantes também disseram na nota que “a policia não garante a segurança da maioria da população, pelo contrário, sendo um dos braços do Estado ela institucionaliza o controle social e exerce a repressão contra os trabalhadores, principalmente os negros e pobres”. O Diretório Central dos Estudantes ainda disse que “não se calará e se manterá em luta, junto da comunidade acadêmica e da classe trabalhadora contra a truculência e a violência policial contra a população pobre e trabalhadora”.

Os estudantes também divulgaram o problema nas redes sociais. Eles postaram um banner contando a história. No cartaz está escrito “Quem matou Ricardo? – Nós não nos calaremos até que seja respondida a pergunta: Quem matou Ricardo? E até que o Estado seja responsabilidade pelos seus crimes”. Os estudantes programam uma manifestação nesta sexta-feira, na porta da Unifesp.

Já a Polícia Militar conta outra versão dos fatos. Em nota enviada aoG1, a PM disse que por volta das 14h20, uma guarnição de radiopatrulha foi averiguar uma denúncia de tráfico de entorpecentes na frente da universidade. Os policiais abordaram Ricardo Ferreira Gama, que inicialmente negou-se a identificar-se para os policiais, que fizeram uma pesquisa e constatou-se que ele tinha passagens por tráfico de entorpecentes. Os policiais anunciaram que iriam conduzí-lo 4º DP. O suspeito debateu-se até a chegada do chefe no serviço de limpeza, foi detido e foi levado ao PS. Segundo a PM, ele não foi algemado e sempre esteve acompanhado do chefe. No Distrito foi constatado que Ricardo Gama possuía antecedentes criminais, mas já havia cumprido a pena. Ele foi liberado no DP e não foi registrado qualquer tipo de queixa contra os policiais.

Segundo a nota da PM, Ricardo foi morto na porta de sua residência. Equipes especializadas do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa de São Paulo estão investigado o caso. Ainda segundo a PM, foi instaurada uma investigação preliminar por parte do Comando do 6º Batalhão de Polícia Militar do Interior para verificar a possibilidade de envolvimento de Policiais Militares no caso. A investigação já foi encerrada, porque os registros do GPS das viaturas da PM comprovaram que os policiais que participaram da abordagem na quarta-feira (31) estavam em outros locais no momento do homicídio.

A reitoria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) se manifestou publicamente, por meio de uma nota, o seu pesar pelo assassinato do colaborador e também o seu repúdio à violência que se abateu sobre Ricardo, que atinge direta e indiretamente toda a comunidade acadêmica. Na última sexta-feira (2), a direção do campus convocou uma reunião para informar a comunidade sobre o ocorrido e discutir encaminhamentos. Em reunião foi decidido que a universidade dará auxílio a família de Ricardo, irá discutir a questão da segurança com as autoridades políticas e representantes da segurança pública da cidade de Santos e se coloca à disposição das autoridades para colaborar com as investigações da Polícia Civil. Além disso, a direção do campus está em diálogo com a Corregedoria da Polícia Militar de Santos para discutir o caso, os problemas de segurança pública da região e a situação de violência e violação de direitos humanos, vividas pelos estudantes e moradores do município.

Mesmo com o encerramento da apuração por parte da PM, a Polícia Civil continua a investigar o homicídio. A Polícia Civil tem duas linhas de investigação. O auxiliar de limpeza foi morto por causa dessa confusão com os policiais militares ou por causa do histórico dele de envolvimento com o tráfico de drogas. Novos dados sobre o caso podem ser encaminhados pelo telefone 181, do Disque Denúncia da Secretaria de Segurança Pública.

(Portal G1)

‘Não adianta trocar seis por meio dúzia’, diz Mães de Maio sobre mudança na PM

Fonte: Rede Brasil Atual (http://www.redebrasilatual.com.br/cidadania/2013/08/novo-comandante-da-tropa-de-choque-de-sp-nao-agrada-movimento-contra-a-violencia-estatal-6775.html)

Indicação de novo comandante da Tropa de Choque da PM não agrada movimento que luta contra violência policial. Fim da militarização é apontada como solução

por Gisele Brito, da RBA publicado 09/08/2013 19:49, última modificação 09/08/2013

 

EDUARDO KNAPP/FOLHAPRESS
morelli_Eduardo Knapp_Folhapress.jpgDepois de atuação contestada nos protestos de junho, a gestão Geraldo Alckmin (PSDB) substitui Coronel Morelli (foto)

São Paulo – A entrada do coronel Carlos Celso Savioli no Comando da Tropa de Choque da Polícia Militar de São Paulo hoje (9) não trouxe alívio para o Movimento Mães de Maio, que luta contra a violência do estado. Para a coordenadora do movimento, Débora Maria Silva, a saída do coronel César Augusto Luciano Franco Morelli, que foi transferido para a Assessoria Policial Militar da Prefeitura Municipal de São Paulo, não muda o modus operandi, que ela atribui ao ranço ditatorial da Polícia Militar. “Não adianta trocar seis por meio dúzia. Quando eles não vão de farda mesmo fazer as atrocidades, montam os grupos e saem para matar. O Comando não consegue mais controlar a violência policial”, afirma.

Para Débora, é preciso mudar a mentalidade da polícia, promovendo a desmilitarização e criando um senso de cidadania e direitos humanos. “Temos que acabar com a ditadura para os pobres, pretos e periféricos. Porque a ditadura só acabou para a burguesia”, analisa.

Savioli assumiu o comando da PM da Baixada Santista, no litoral sul de São Paulo, no início deste ano. A região, formada por 24 municípios, convive com diversos problemas de segurança. Nos últimos três anos, 681 pessoas foram vítimas de homicídios dolosos. Alguns deles, segundo o movimento Mães de Maio, teriam sido provocados pela atuação de grupos de extermínio formados por policiais militares responsáveis por pelo menos três grandes ondas de violência e assassinatos isolados, desde 2006. Apesar de o número de homicídios ter caído 11% no primeiro semestre na região, Débora afirma que a violência policial ainda é grave.

Medo

Um dos exemplos disso seria o caso do funcionário terceirizado da Universidade Federal de São Paulo da Baixada Santista, Ricardo Ferreira Gama. No último dia 31, ele foi agredido por policiais durante uma abordagem policiais em seu horário de almoço no centro de Santos. A agressão foi presenciada por dezenas de pessoas que chegaram a filmá-lo sendo levado sangrando de camburão para o hospital. Alunos da Unifesp e outras testemunhas afirmam em textos publicados na internet que policiais coagiram Ricardo e pessoas que viram as agressões a não registrarem boletim de ocorrência, o que de fato não foi feito, em função do medo.

Mesmo assim, na noite do último dia 2, Ricardo foi alvejado por oito tiros disparados por quatro homens encapuzados e morreu. A Unifesp, entidades estudantis, sindicatos e movimentos sociais expressaram repúdio à violência policial e exigiram investigações aprofundadas. Uma manifestação intitulada “Quem Matou Ricardo?” com concentração na Campus Central da Unifesp deve ocorrer na noite de hoje (9), em Santos.

“Não estamos satisfeitos. Para a gente acabar com essa violência precisa desmilitarizar”, afirma. “A troca é corriqueira do cotidiano deles. Ocorre mais porque a violência foi muito escancarada nas manifestações”, afirma Débora.

 

Alunos da Unifesp vão às ruas contra assassinato de auxiliar de limpeza

Fonte: A Tribuna Online (http://www.atribuna.com.br/noticias.asp?idnoticia=199599&idDepartamento=5&idCategoria=0)

Cerca de 150 estudantes e funcionários da  Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) do Campus da Baixada Santista percorreram as ruas da Vila Matias, em Santos, no final da tarde desta sexta-feira, em protesto à morte do auxiliar de limpeza da instituição, Ricardo Ferreira Gama, 30 anos. O grupo acusa soldados da Polícia Militar de o violentar em frente à unidade central da faculdade, na Rua Silva Jardim, no último dia 2.

Com cartazes nas mãos que indavagam “Quem matou Ricardo?”, os manifestantes deitaram, por alguns minutos, na Rua Luiza Macuco, próximo à esquina da Avenida Conselheiro Nébias. As duas vias foram bloqueadas por agentes da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) de Santos. Diferentemente de outros protestos, este não foi acompanhado por policiais militares.

Não houve conflito ou qualquer princípio de confusão. As críticas foram feitas em direção à Polícia Militar, que nega qualquer abuso de autoridade ou, até mesmo, o homício do auxiliar de limpeza. Além disso, alguns manifestantes declamaram poesias, no meio da rua, que gritaram palavras em repúdio aos policiais e ao comando na Baixada Santista.

No início da noite, os universitários divulgaram um vídeo com as últimas imagens do auxiliar de limpeza antes do assassinato misterioso. Veja abaixo.

Entenda o caso

A execução do auxiliar de limpeza da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Ricardo Ferreira Gama ocorreu na madrugada da última sexta-feira. Ele foi assassinado com oito tiros e o caso mobilizou estudantes da instituição em que a vítima trabalhava. Após o crime, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da universidade divulgou em sua página no Facebook uma nota pública apontando ocorrências envolvendo Ricardo e policiais militares dias antes do homicídio.

Segundo o DCE, o assassinato de Ricardo “acontece num contexto em que o País ainda se pergunta ‘Onde está Amarildo? (desaparecido misteriosamente no Rio de Janeiro desde 14 de julho após ser visto pela última vez com 15 PMs)’ e em que a Baixada Santista enfrenta grupos de extermínio que matam jovens com um único critério: a vítima é pobre, negra e periférica”.

Durante ação da PM em um protesto dos estudantes, em frente ao campus Vila Mathias da Unifesp, na Rua Silva Jardim, Ricardo e alunos, portando celulares com câmeras, registraram todos os passos dos policiais.

Nesse momento, incomodado com a filmagem, um dos soldados teria proferido ofensas verbais a Ricardo, que não teria gostado e respondido prontamente. A reação do auxiliar de limpeza causara revolta nos PMs, que, segundo o comunicado do DCE, passaram a agredi-lo fisicamente.

“Alguns estudantes agiram verbalmente em defesa de Ricardo e foram ao 1º DP, para onde os policiais afirmaram que levariam o funcionário. Chegando lá, os alunos foram informados que o auxiliar de limpeza fora levado ao 4º DP. E no 4º DP, que eles estariam todos no Hospital Santa Casa”, diz o comunicado do DCE.
Créditos: Fernanda Luz

Funcionários e estudantes da Unifesp acusam a PM de violentar e matar o auxiliar de limpeza


Liberado pela PM

Na unidade hospitalar, os estudantes encontraram os policiais. Eles informaram que Ricardo havia sido liberado sem o registro de boletim de ocorrência, pois o auxiliar de limpeza teria admitido não ter sido vítima de nenhuma agressão.

Posteriormente, já no campus da universidade, conforme a nota pública do DCE, Ricardo tratou de procurar os alunos para pedir que mais ninguém comparecesse à delegacia, pois os mesmos policiais teriam ido até sua casa dar o recado. “Do contrário, eles resolveriam a situação de outro jeito”.

Na noite do dia seguinte, integrantes do DCE afirmam que carros passaram a rondar o campus da Unifesp. Os ocupantes mantinham a cabeça do lado de fora da janela, como se procurassem alguém. “Pessoas também chegaram a entrar na universidade para pedir ao funcionário vídeos da agressão gravados pelos estudantes. Caso essas filmagens não fossem entregues, ‘tudo seria pior’”, ameaçaram os policiais, diz o DCE.

Oito tiros

E na madrugada do dia 2 tudo ficou pior. Quatro homens, em duas motos, assassinaram Ricardo na porta de sua casa, na Rua Silva Jardim, com oito tiros. “O Diretório Central dos Estudantes não se calará e se manterá em luta, junto da comunidade acadêmica e da classe trabalhadora contra a truculência e a violência policial contra a população pobre e trabalhadora. Queremos saber quem matou Ricardo”, garante o comunicado público no Facebook.

Polícia Militar nega ação

Procurada, a Polícia Militar apresentou uma versão contrária da divulgada pelo DCE. De acordo com a assessoria de imprensa da PM, a morte de Ricardo está supostamente associada ao tráfico de drogas do bairro. A crença da PM nisso está no fato de que, no dia 31 de julho, uma guarnição de radiopatrulha foi chamada para averiguar uma denúncia de tráfico na Rua Silva Jardim, próximo à universidade em que o auxiliar de limpeza trabalhava.

Ao chegarem no local, abordaram Ricardo. Segundo a PM, ele teria inicialmente recusado se identificar para os policiais. Diante de novos pedidos, o auxiliar de limpeza concordou em revelar a sua identidade. Em seguida, teve os antecedentes criminais levantados. Por conta do histórico, a PM teria decidido conduzir Ricardo ao 4ºDP. Entretanto, “o suspeito debateu-se até a chegada do responsável pelo serviço de limpeza da Unifesp, que conseguiu acalmá-lo”, alega a PM por meio de nota.

“Em seguida, o auxiliar de limpeza foi detido e conduzido primeiramente ao pronto-socorro, sem que o mesmo tivesse sido algemado”, relata a PM. Mais tarde, já no 4º DP, confirmado o histórico criminal de Ricardo, a polícia resolveu liberá-lo, pois nenhum crime na ocasião havia se configurado.

“Não houve também registro de boletim de ocorrência contra os policiais, pois o delegado de plantão não vislumbrou indícios de arbitrariedades ou de abuso de autoridade na abordagem ou na condução do suspeito para o distrito”, argumenta a PM, contrariando as acusações dos estudantes.

Apuração interna

Misteriosamente, no dia seguinte, Ricardo foi morto na porta de sua residência. Por cautela, a PM instaurou uma investigação preliminar, da parte do Comando do 6º Batalhão de Polícia Militar do Interior, para verificar a possibilidade de envolvimento de PMs no caso. A investigação já foi encerrada sem nada provar contra os policiais que conduziram Ricardo ao DP.

*Com informações de Bruno Lima e Sandro Thadeu

Quem matou Ricardo? | Revista Fórum

Fonte: Revista Fórum (http://revistaforum.com.br/blog/2013/08/quem-matou-ricardo/)

DCE da Unifesp denuncia que o assassinato de Ricardo Ferreira Gomes, funcionário da universidade, pode ter sido motivado por agressão supostamente cometida por PMs  na presença de estudantes

Da Redação 

Reprodução

Ricardo Ferreira Gama, funcionário terceirizado do campus da Unifesp na Baixada Santista, foi morto na madrugada da última sexta-feira (2) na porta da sua casa, na Vila Mathias, em Santos. Dois dias antes, na quarta-feira (31), de acordo com nota divulgada pelo DCE da Unifesp, ele teria respondido a uma ofensa e foi agredido por policiais militares em frente à unidade central da universidade em Santos. A cena foi presenciada por alguns estudantes, que defenderam o funcionário verbalmente. Após a confusão, os policiais detiveram Ricardo, que depois foi liberado e não registrou ocorrência contra os agressores.

O DCE da Unifesp levanta a hipótese de Ricardo ter sido assassinado em decorrência da agressão sofrida por ele. A nota diz que, após os estudantes serem informados que o funcionário não registraria ocorrência por ter “confessado” que não sofreu nenhuma violência, um dos estudantes quis fazer ele mesmo o boletim de ocorrência, mas foi intimidado pelos policiais.

Segundo a nota, Ricardo procurou pelos estudantes para avisar que policiais tinham ido até a sua casa e avisado que, se eles não parassem de ir até a delegacia, iriam resolver o assunto de “outro jeito”. O DCE da Unifesp ainda afirma que, na quinta-feira (1), viaturas com homens não fardados rondavam a universidade e pessoas pediram para que funcionários entregassem os vídeos que os alunos fizeram da agressão, afirmando que, se não o fizessem, “seria pior”.

Ricardo foi assassinado na madrugada seguinte por quatro homens encapuzados, que o balearam oito vezes. Na nota, o DCE da Unifesp afirma que não se calará até que seja esclarecida a autoria do crime.

A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo informou que o  4º DP de Santos instaurou inquérito para investigar a morte de Ricardo e que as imagens das câmeras de segurança da Unifesp já foram solicitadas. De acordo com nota enviada pela assessoria de imprensa da pasta, o presidente do DCE da Unifesp será chamado para prestar depoimento, assim como amigos e parentes da vítima.

Leia a íntegra da nota divulgada pelo DCE da Unifesp: 

O Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de São Paulo vem a público relatar e se posicionar diante dos fatos ocorridos desde quarta-feira na Vila Mathias, em Santos-SP.

Na quarta feira, 31/07, Ricardo Ferreira Gama – funcionário terceirizado da Unifesp Baixada Santista – após responder a uma ofensa feita a ele, foi agredido pela polícia em frente da Unidade Central, na Rua Silva Jardim. Alguns estudantes agiram verbalmente em defesa de Ricardo e foram ao 1º DP, aonde os policiais afirmaram que levariam o funcionário.

Chegando lá, os estudantes foram informados que Ricardo fora levado ao 4º DP. E no 4º DP, que eles estariam na Santa Casa. Ou seja, eles estavam sendo despistados. De volta da Santa Casa, onde realmente estavam os policiais e o funcionário, foram avisados pelos próprios policiais que cometeram a agressão que o rapaz tinha sido liberado e que estava tudo resolvido. Ele não teria feito Boletim de Ocorrência., pois “admitiu” que não fora agredido.

Um dos estudantes quis, ele próprio, abrir um Boletim de Ocorrência e, a partir disso, começou a ser intimidado pelos policiais. Assustados, os estudantes foram embora sem abrir o B.O.

Chegando na Unifesp, os estudantes foram procurados pelo Ricardo que disse ter sido procurado em sua casa pelos policiais dizendo que se estudantes não parassem de ir à delegacia, eles “resolveriam de outro jeito”.

Na quinta-feira (01) à noite viaturas com homens não fardados de cabeça pra fora rondavam a Unifesp. Pessoas também chegaram a ir pessoalmente na Unifesp pedir a funcionários vídeos que estudantes teriam feito da agressão, e disseram que se eles não entregassem, “seria pior”.

Pois, mesmo com o passo atrás em relação ao Boletim de Ocorrência e sem nenhum vídeo publicado, na madrugada de quinta para sexta-feira (02) quatro homens encapuzados mataram o Ricardo na frente de sua casa com oito tiros.

Na segunda-feira (05), houve uma roda de conversa no campus sobre o caso puxada pela Congregação. A direção teve momentos vergonhosos, dizendo, por exemplo, que “o caso aconteceu da porta pra fora”, ou ainda, sob risos, que “os terceirizados são tratados da mesma forma que os demais servidores”.

Isso acontece num contexto em que o país ainda se pergunta “Onde está o Amarildo?” e em que a Baixada Santista enfrenta grupos de extermínio que matam a juventude com um único critério: a vítima é pobre, preta e periférica.

Sabemos que a polícia não garante a segurança da maioria da população, pelo contrário, sendo um dos braços do Estado ela institucionaliza o controle social e exerce a repressão contra os trabalhadores, principalmente os negros e pobres. As políticas de segurança pública criminalizam qualquer ato resistente às imposições que seguem a lógica do mercado, suas elites e do governo. Não é essa segurança que queremos, que nos oprime, reprime e nos explora! Defendemos a desmilitarização da polícia e uma segurança pública a serviço dos trabalhadores, e não das propriedades privadas!

O Diretório Central dos Estudantes não se calará e se manterá em luta, junto da comunidade acadêmica e da classe trabalhadora contra a truculência e a violência policial contra a população pobre e trabalhadora.

Não nos calaremos até que seja respondida a pergunta: QUEM MATOU O RICARDO? E até que o Estado seja responsabilizado pelos seus crimes.

06 de agosto de 2013

 

Funcionário da Unifesp é morto com oito tiros dois dias após discutir com PMs | Brasil de Fato

Fonte: Brasil de Fato (http://www.brasildefato.com.br/node/17730)

Durante abordagem, Ricardo foi agredido por policiais em frente a universidade; cerca de 50 estudantes testemunharam o caso

08/08/2013

da Redação

O auxiliar de limpeza terceirizado que trabalhava na Unifesp (Universidade Federal Paulista), na Baixada Santista (SP), Ricardo Ferreira Gama, de 30 anos, foi assassinado por quatro homens encapuzados dois dias depois de ter sido agredido por policiais militares durante abordagem. O crime ocorreu no dia 2 de agosto. A polícia disse que está apurando o caso.

No dia 31 de julho, os policiais estavam apurando uma denúncia sobre tráfico de drogas na região. Ricardo estava no intervalo do serviço e, segundo o DCE (Diretório Central dos Estudantes da Unifesp), respondeu “a uma ofensa” e “foi agredido pela polícia” diante do prédio da universidade. Cerca de 50 alunos da universidade testemunharam o fato. Ricardo foi levado ao 1º DP de Santos.

Chegando na delegacia, os estudantes foram informados de que ele tinha sido levado ao 4º DP e, de lá, os policiais haviam levado o rapaz até o Pronto Socorro vizinho à Santa Casa de Santos, no Jabaquara.

Os alunos, então, foram avisados pelos policiais que Ricardo tinha sido liberado, e que “estava tudo resolvido”. Segundo os PMs, Ricardo não fez o Boletim de Ocorrência porque “admitiu que não foi agredido”.

As testemunhas quiseram então abrir um boletim de ocorrência, mas foram intimidadas pelos próprios policiais que agrediram Ricardo. Assustadas com as ameaças, elas foram embora sem registrar a ocorrência.

No dia seguinte, de volta ao trabalho, Ricardo disse que foi procurado em sua casa pelos mesmos policiais. De acordo com os alunos, Ricardo avisou que os policiais disseram que, caso a denúncia continuasse sendo levada adiante, eles “iam resolver de outro jeito”.

Ainda segundo os estudantes, na noite do dia primeiro de agosto, viaturas com policiais não fardados rondaram a Unifesp, e pessoas não identificadas estiveram no campus sondando funcionários em busca de supostos vídeos que as testemunhas teriam feito das agressões do dia anterior. Ainda disseram que, se eles denunciassem, “seria pior”.

Mesmo sem registrar qualquer ocorrência e sem ter publicado vídeo algum, na madrugada de quinta (1) para sexta-feira (02) quatro homens encapuzados executaram Ricardo na frente de sua casa com oito tiros.

Quem matou Ricardo?

Para exigir providências sobre o caso, o DCE (Diretório Central dos Estudantes da Unifesp) vai realizar um protesto diante do campus, no bairro Vila Mathias, em Santos, nesta sexta-feira (9), às 17h.